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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Como prevenir o AVC

Acidentes Vasculares Cerebrais

Como prevenir o AVC

O número de novos casos de Acidentes Vasculares Cerebrais ronda os 150 por cem mil habitantes por ano, existindo variações consoante a região do país. Os números são preocupantes e é essencial estar alerta. A prevenção é mais fácil e positiva do que o tratamento. Já pensou nos ganhos que terá a sua vida se conseguir evitar um AVC? Saiba como fazê-lo.

Cláudia Pinto
clauvep@gmail.com

O Acidente Vascular Cerebral (AVC) predomina nos seniores, sendo o envelhecimento uma das causas da sua ocorrência. A Sociedade Portuguesa do AVC (SPAVC) considera-o como "uma catástrofe mundial, prevenível e tratável".

Para prevenir a ocorrência de um AVC, "é fundamental corrigir ou controlar factores de risco, ditos modificáveis, tais como a hipertensão arterial, a diabetes mellitus, cessar o tabagismo, combater a obesidade, o sedentarismo e a hipercolesterolemia", defende a Dr.ª Teresa Fonseca, assistente graduada de Medicina Interna do Centro Hospitalar Norte (Hospital Pulido Valente).

A hipertensão arterial é o factor modificável mais importante, pois "é fundamental que os indivíduos mantenham os níveis tensionais baixos. A tensão arterial adequada para cada pessoa deverá ser determinada pelo seu médico, de modo individualizado, mas, se quisermos generalizar, uma pressão arterial considerada óptima será mais baixa que 120/80 mmHg", acrescenta a especialista.

O AVC caracteriza-se ainda por outros factores de risco importantes, como por exemplo alguns tipos de arritmias cardíacas "ou estreitamentos provocados por placas ateroscleróticas nas artérias que irrigam o cérebro, e, nesses casos, a prevenção passará por uma medicação antiagregante ou anticoagulante, para que não se formem trombos ou
êmbolos, ou até por uma cirurgia de revascularização das carótidas".

Além de ser fundamental a prevenção primária, é importante não esquecer que, quem já teve um AVC, está em maior risco de desenvolver um segundo. Teresa Fonseca diz-nos que "um em cada seis sobreviventes terá um novo AVC em cada ano, podendo ser uma grande parte destas recorrências fatais ou incapacitantes. Assim, nesses casos, há que incrementar todas as medidas de prevenção possíveis".

Modificação dos estilos de vida

Tal como em outras patologias, é essencial a adopção de estilos de vida saudáveis, em que o exercício físico diário seja uma constante, aconselhando-se, pelo menos, 30 minutos de marcha por dia. "Tal vai permitir manter o peso corporal, a mobilidade articular e a boa performance física, para além de ajudar a controlar a tensão arterial e as gorduras sanguíneas", adianta Teresa Fonseca.

Outro aspecto fundamental é o de reduzir drasticamente o sal da alimentação, o que vai permitir um melhor controlo da pressão arterial, entre outros benefícios. "Corrigir os excessos de peso com dieta adequada é também essencial.

Qualquer fumador deverá cessar imediatamente hábitos tabágicos, havendo neste momento disponíveis consultas médicas especializadas para este acompanhamento, em muitos centros de saúde e hospitais."

Hipertensão arterial e demência

Já todos sabemos que os valores tensionais altos são muito graves e possibilitam a ocorrência de várias patologias. "A hipertensão vai causando outros estragos ao longo dos anos e de uma maneira insidiosa. Com efeito, não são só os vasos sanguíneos que são agredidos, também o próprio tecido cerebral é afectado provocando lesões sobretudo nas regiões mais profundas do cérebro, o que favorece, entre outras situações, o aparecimento de demência", salienta o Prof. Victor Oliveira, neurologista do Hospital de Santa Maria e vice-presidente da SPAVC.

A demência caracteriza--se por uma deterioração das chamadas "funções nervosas superiores, verificando-se uma perda de capacidades intelectuais e também o aparecimento de comportamentos anómalos". O diagnóstico clínico da demência resume-se na detecção de "perturbações da memória e da fala, incapacidade de executar tarefas tão simples como vestir roupa correctamente ou, ainda, aparecimento de agressividade e pensamentos delirantes".

A prevenção mais adequada da demência de causa vascular consiste em controlar os factores de risco vascular com a ajuda do médico de família e "manter uma vida activa, quer no que diz respeito à actividade física, quer no que respeita à actividade intelectual e de relação: as pessoas que se mantêm interessadas no mundo que as rodeia, que são mais activas, com interesses intelectuais, como a leitura, estão mais protegidas dos efeitos das demências", acrescenta o vice-presidente da SPAVC.

Apesar dos números assustadores, do aparecimento de novos casos, o AVC pode ser, muitas vezes, evitável, desde que "se tenha um padrão de vida saudável, e, para isso, é elementar que se consulte regularmente o médico de família. Quando se suspeita de que está a surgir um AVC, é importante actuar como uma emergência".

"Um em cada seis sobreviventes terá um novo AVC em cada ano, podendo ser uma grande parte destas recorrências fatais ou incapacitantes."

Sinais de alerta

– Falta de força num braço;
– Boca de lado;
– Dificuldade em falar.

O que fazer?

Em face de algum destes sintomas, o próprio doente ou quem esteja a presenciar o sucedido deve ligar imediatamente para o INEM, através do 112, para que seja imediatamente transportado para o hospital. "Neste momento, grande parte dos AVC tem hipótese de tratamento urgente e eficaz, se os doentes forem transportados rapidamente para um hospital", acrescenta
Teresa Fonseca.

Sabia que…

Mesmo que estes sintomas durem apenas alguns minutos, por vezes menos que 10 minutos, desaparecendo espontaneamente em seguida, o doente deve proceder exactamente do mesmo modo, recorrendo a um serviço de urgência, pois pode ser este o "aviso" de que irá acontecer um AVC nos próximos dias, e um tratamento médico adequado pode evitar que o pior venha a acontecer.

Extraído do Jornal do Centro de Saúde.
"Nunca fique à espera que passe, pois perder tempo pode impedir que se façam tratamentos só possíveis e eficazes nas primeiras horas", acrescenta o Prof. Victor Oliveira, neurologista.

Extraído do Jornal do Centro de Saúde.

2 comentários:

Fernanda Ferreira - Ná disse...

Querido amigo João,

Já sabia algo mas não tão detalhadamente.

Obrigada pelo post que pode salvar vidas.

Beijinho,

Anónimo disse...

Para além do exame ocular para prevenir AVC´S, que outros tipos de exames existem?

Obrigado